sábado, 16 de junho de 2007

52 Razões....

E aí? Vai continuar?
52 razões para não ter conta em banco:
Por Marcos Antonyo Lima

01 Bancos descumprem a Lei 8078/90 – CDC.
02 Impetraram a Adin 2951 contra o CDC.
03 Desrespeitam a Lei Municipal.SP, 13.948.
04 Adotam “contrato de adesão” nos pactos firmados.
05 Ditam desigualdade plena nas relações de consumo.
06 Incluem cláusulas “mandato” nos contratos assinados.
07 Nunca autorizam substituições de clausulas abusivas.
08 Praticam propaganda enganosa ao livre arbítrio.
09 Não são esclarecedores com clientes em geral.
10 Usam métodos coercitivos nas cobranças em atraso.

11 Não possuem um setor de autocrítica e avaliação de serviços.
12 Não reparam espontaneamente clientes nos casos de erros.
13 Mandam clientes procurarem seus direitos na Justiça.
14 Nas inadimplências, nunca cobram 1% de juro de mora.
15 Cobram juro de mora no 1º. e nunca no 31º. dia de atraso.
16 Nunca cobram 2% de multa por atraso de pagamento.
17 Na composição de dívidas incluem juros dos juros sobre juros.
18 Cobram livremente encargos diversos, e despesas extrajudiciais.
19 Cobram honorários inexistentes, despesas com correio, e outras.
20 Nas cobranças indevidas nunca devolvem o valor em dobro.

21 Nunca explicam em detalhes os termos dos contratos.
22 Na assinatura de contrato nunca falam sobre inadimplência.
23 Nunca concedem o direito de contestar clausulas abusivas.
24 Nunca fornecem “evolução da composição de dívidas”
25 Nunca pagam mais que costumeira ninharia à poupança.
26 Nunca cobram menos de 10% no cheque especial.
27 Engordam o “Spread” bancário ao livre arbítrio.
28 Ignoram os motivos da inadimplência do cliente.
29 Nunca escutam nem ajudam o cliente, só sugam.
30 Condenam o cliente e lhes fecham as portas por 5 anos.

31 Não promovem desenvolvimento econômico social equilibrado.
32 Restringem com discriminação dinheiro aos clientes consumidores.
33 Usam o dinheiro alheio como se esse fosse seu.
34 Aplicam no mercado financeiro dinheiro da sociedade.
35 Empregam bem menos do que deveriam.
36 Obtêm lucros líquidos bilionários sem fabricar um alfinete se quer.
37 Lucram mais que a indústria e o comércio.
38 Fingem não conhecer os problemas da sociedade.
39 Contribuem ativamente com a concentração de rendas no Brasil.
40 Lutam contra uma reforma ampla no Sistema Financeiro Nacional.

41 Concedem atendimento personalizado a clientes ricos.
42 Impetram liminares contra leis de consumo.
43 Desfrutam prazerosamente do dinheiro do povo.
44 Encolhem inexplicavelmente o dinheiro das contas alheias.
45 Desviam-se do princípio da igualdade social.
46 Se aproveitam da falta de conhecimentos dos clientes.
47 Não se conformam em ter que respeitar leis.
48 Querem fazer suas próprias leis.
49 Querem fazer justiça financeira com as próprias mãos.
50 Pensam que o País é somente deles.
51 Trocam funcionários por máquinas.
52 Abusam do direito de abusar.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Boa Viagem...


Boa Viagem 300 anos e muita desilusão         
Boa Viagem completa 300 anos de história no dia 06 de junho. Será que temos o que comemorar? No fundo, essa pergunta questiona se efetivamente o bairro de Boa Viagem tem algo positivo para ser comemorado, o que deixa no ar a idéia absurda, mas enfática, de que o bairro é uma coletividade sem ter coisa alguma para ser louvado, lembrado ou comemorado. Será? Um contraste com a atitude de bairros nobres das cidades do sudeste do País, diante de suas datas coletivas, quando os moradores se abraçam com peito aberto e, sem o menor rubor, dizem que tudo o que é deles é, no mínimo, que o bairro onde vivem é o melhor da cidade. Por que isso não acontece em Boa Viagem?
É simples: Já vai de longe o tempo em que morar em Boa Viagem era uma opção acertada e tranqüila. O rol de coisas negativas no bairro é tão grande que, obviamente, não caberia neste espaço. Os problemas mais graves são: lixo acumulado, falta d’água e esgoto, mendicância, assaltos, trânsito caótico, comercio ambulante, barulho, prostituição na porta de casa, exploração comercial, especulação imobiliária e aglutinação urbana que são uma das pontas do aicibergue que andam correnteza abaixo no bairro que ainda se acha o “bairro nobre” do Recife.
Com o policiamento escasso e mal distribuído é quase impossível ir a padaria, supermercado ou farmácia a pé, ou até mesmo de automóvel, e voltar com o celular, o relógio, a pulseira, a bolsa ou a carteira. A violência é tamanha que já impede que os moradores do afamado bairro se arrisquem a sair de suas prisões de luxo após ás 22:00h. O trânsito sempre engarrafado, barulhento e ainda mais tumultuado pela falta de disciplinamento para caminhões de entrega, ônibus, carroças e bicicletas que estão tomando posse das nossas ruas e avenidas. Calçadas e ruas esburacadas e tomadas por automóveis, comércio ambulante estão por toda parte e já não são mais novidade. Prostituição ao meio-dia e dia inteiro, e tudo sadomizado com hotéis e boates de alta rotatividade, que hoje fazem parte da paisagem do bairro.
Na avenida Boa Viagem, além da vista para mar, os moradores são obrigados a conviver com a “fuzaca” de filhinhos de papai tudo regado a muita cerveja, uísque e espetinho, pegas de carros e motos envenenadas, pichações e um vocabulário nada decente da galera que troca o dia pela noite. Quanto ao fim de semana é melhor arranjar outro programa que o de freqüentar a praia do bairro, tomada por carroças de ambulantes e muita sujeira. Desembarcar na praia de Boa Viagem, no verão, é como descer ao inferno sem sair da Terra. A praia é a maior favela a beira-mar do Brasil.
Não foi só a especulação imobiliária que gerou o bairro de Boa Viagem que temos hoje, saturado, extremamente adensado, sufocante até. Foi também a perspectiva de ganhos ilimitados, que despertou o interesse de capitais vindos de fora, principalmente do Sudeste. Boa Viagem reproduziu o modelo de ocupação do solo que caracteriza o País, uma ocupação indiscriminada, sem planejamento, sem coerência. E sem que se pense no homem, é o concreto que reina absoluto.
As conseqüências da verticalização desenfreada, da ocupação irracional dos espaços, não poderiam ser mais cruéis: queda da qualidade de vida, falta de ventilação, uma ilha totalmente saturada. Cada vez mais concreto. E o pior: modificando inclusive o relacionamento entre os moradores, moldando o seu comportamento. O homem é o reflexo do meio em que vive e, ao mesmo tempo, influencia esse meio. Aos poucos, o morador de Boa Viagem se parece cada vez mais com o meio em que vive. Parece-se com o concreto. Endureceu o coração, se isolou, se refugiou na solidão. Seu mundo agora é seu pequeno apartamento, ali se sente seguro. Conviver passou a ser um pequeno bom-dia no corredor ou algum aviso pelo interfone.
A superpopulação, como temos em Boa Viagem, destruiu o conceito de espaço comunitário. Até as praças são concretadas e o novo parque tendem também ser. E as pessoas passaram a perder a noção do seu espaço físico.  A vila de veraneio que pretendia ser bairro ultrapassou seus limites. Está saturada, lotada. E cria um homem urbano essencialmente isolado, guardando suas frustrações entre quatro paredes e um elevador, fazendo com que esqueça de se encontrar com outros homens. Estão perdendo a capacidade de vivenciar o bairro, de vivenciar as próprias vidas. Perdendo a própria identidade. Transformando-se em homens concretados, sem faces nem emoções. Incapazes de se indignarem.
Esse é o drama de quem mora em Boa Viagem. Pagar o mais caro aluguel e condomínio, a mais cara prestação, o mais caro imposto predial, o maior custo de vida e a menor tranqüilidade da paróquia. Estão aí os assassinatos pelas esquinas que não me deixam mentir, pois já fazem parte do postal da “doce” Boa Viagem, hoje tão amarga quanto o acre exalado dos montes de lixo esquecidos ante as calçadas dos espigões, na maioria deles com suas fossas estouradas, em simbiose com os desafortunados catadores de lixo, que buscam no entulho o pão do sofrido dia. É a miséria convivendo palmo a palmo em meio a selva de concreto erguida as margens da atlântica praia favela de Boa Viagem.
Problemas, evidentemente não são privilégios desse bairro da zona sul. É claro que nos outros bairros do Recife, esses fatos da vida urbana moderna, também acontecem. O que existe, atualmente, em Boa Viagem, no entanto, é algo recente. Até quatro décadas atrás, por exemplo, o Bairro era tipicamente uma localidade para veraneio. Hoje, a paisagem se mistura. O que se vê é um conglomerado de estabelecimentos comerciais ao lado de gigantescos arranha-céus, que continuam sendo endossados com a caneta amiga e liberal do poder público municipal.
A Cidade é o produto dos nossos atos, pensamentos, das nossas lutas. Mas pode ser também o espelho da nossa ousadia. Espero que o concreto não tenha chegado ainda ao coração, à emoção de todos moradores. Os enfáticos defensores de Boa Viagem que me perdoem, mas o decantado paraíso do atlântico hoje encontra-se atolado até o pescoço, afundando em direção ao caos. Boa Viagem pede socorro e só poderá contar com as pessoas que nele habitam.
Adroaldo Figueiredo