Bira Malta
Somos todos vencedores
Somos todos vencedores no dia
de hoje. Vivo a rotina: o que não mata cura já dizia uma frase bem popular.
Vivo dias iguais, mas tento ao meu modo fazer as coisas diferentes: sejam em
pensamentos, em atos, em atitudes, em tentativas. A vida é repetição que
varia no dia-a-dia. Em meio a dificuldades maiores ou menores, preocupações,
nossas como indivíduos e como humanos, há também as preocupações mundiais,
sejam elas de que tipo forem. Sobrevivemos e vivemos, seguimos na fé e na
crença e em meio a encrencas e obstáculos, superamos, somos fortes no dia que
nos enfraquece, somos vencedores em meio a uma dor ou outra: na coluna, no pé,
no pescoço, no reflexo de tudo, no estress, na idade do condor, onde dores e
achaques se multiplicam.
Um dia para nada fazer, um
dia só para correr por ruas, campos, espaços abertos, gritar sem perder o
folego, extravasar o que alimenta os nossos estresses e o que nos estressa o
dia. Dar saltos, na loucura sadia, na paranóia do tic-tac do relógio que exige
que acordemos para o dia seguinte. Seguir, caminhar sem direção, em ruas, em
avenidas, em praias de areias bem brancas. Longe das mesmices da vida, das
contas a pagar, dos afazeres caseiros, longe do mundo mais selvagem porque
nosso lado mais brando esta nas selvas de algum país tropical, como índio que
vive um dia de cada vez e se sente feliz na sua geografia delineada, sem
limites para mente e imaginação.
Somos vencedores por que se
vivemos ou morremos no dia de hoje, renascemos amanha, reinventando quem somos
com as mesmas roupas surradas. Às vezes nos apartamos do mundo real mesmo no
trem ou no ônibus na ida pro trabalho, colocamos o fone de ouvido e uma musica
diferente e familiar invade nossas orbitas, divisão necessária as vezes, do
barulho irritante de vozes alheias, passageiros como eu e voce mas de uma outra
latitude. Viajamos na canção e nosso mundo se internaliza. Onde esta o mar, a
brisa, a maresia daquela infância que não saciamos os sonhos. E que sonhos são
e foram esses que hoje ainda se espalham na mente e no desejo de ser grande?
Ser feliz não é uma premissa
a ser adiada. Ser feliz é um sorriso sem razão, um olhar sincero sem focar
demais no que nos enternece e nos emociona. Ser feliz é o cair da lagrima em
olhos que teimam em arder apos um dia bem trabalhado, uma carta bem escrita, um
relato bem contado, uma caricia invisível compartilhada, um sonho extravasado e
um folego a mais para dizer que estamos vivos, as vezes com a alma cansada, o
corpo dolorido, o peito machucado ou aflito, mas vivos e cheios de esperanças
famintas.
Somos todos vencedores porque temos a nos mesmos, ou alguém para mandar notícias, seja família, amigos, irmãos, amores ou carinhos guardados.
Somos vencedores porque mesmo vencidos em certas batalhas teimamos em lutar e voltar a luta com folego novo, peito aberto e essa luz interior que nos guia na escuridão de certos dias nublados.
OBS: Bira Malta é escritor, cronista. Vive na cidade de Gouda, na Holanda.
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